Armador Grego Hellenic Seaways irá apresentar candidatura à ligação Ferry entre a Madeira e o território continental

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A Hellenic Seaways, companhia grega que opera diversos navios do tipo ferry, irá apresentar uma candidatura ao concurso de concessão da linha ferry entre a Madeira e o território continental. O navio que será proposto na candidatura será o M/F Nissos Rodos. Este navio foi escolhido graças às suas características particulares, que fazem dele um navio imune a muitos dos problemas de operação que existem no porto do Funchal.

Talvez a característica mais relevante deste navio seja o número de rampas que possui, contando nada menos do que com 4 rampas ro/ro: uma a bombordo, duas a estibordo, e uma na popa. A companhia grega afirma que este navio tem a configuração ideal para operar na Madeira. Com este número e disposição de rampas, não será necessário utilizar qualquer das duas rampas ro/ro existentes na região: uma no porto do Funchal, outra no porto do Caniçal. O navio ferry também estará apto a operar tanto no porto do Funchal como no do Caniçal, em função das condicionantes à operação que possam surgir.

Em entrevista ao jornal 24H Notícias, o CEO da Hellenic Seaways, Antonios Agapitos, referiu que "(...) temos conhecimento das restrições que foram impostas à Naviera Armas quando operou nessa linha. É um facto que o porto do Funchal tem algumas restrições em termos de espaço para a operação de dois navios ferry. Contudo, na Grécia também temos algumas restrições de espaço, mas a administração portuária faz uma gestão eficaz e ponderada entre todos aqueles que precisam utilizar esses espaços. O próprio governo grego também dá um apoio importante na operação das linhas existentes entre as regiões que operamos. Com o navio que pretendemos colocar à disposição da linha, pretendemos ficar menos vulneráveis às condicionantes que a administração portuária da Madeira possa impor ao nosso serviço. O número e disposição de rampas existentes no Nissos Rodos permitirá operarmos sem a necessidade de haver uma rampa ro/ro disponível. Também podemos aportar tanto de bombordo, como de estibordo, não vá inventarem alguma nova restrição também nesse sentido!", ironizou.

O facto do navio dispor de duas rampas a estibordo, permitirá também um fluxo mais rápido e organizado de entrada e saída de veículos, se o navio atracar desse lado. "(...) as duas rampas laterais permitirão a entrada e saída dos veículos ao mesmo tempo. Desta forma pensamos sr possível minimizar os constrangimentos de trânsito que foram alegadamente utilizados como argumento pela administração portuária da Madeira para a imposição da regra sobre o transporte dos camiões com atrelados, junto com as cabeças de reboque."

Antonios Agapitos referiu ainda que tem conhecimento das obras que o atual governo regional da Madeira tem em vista concretizar no porto do Funchal, e que não compreende a lógica desses planos. "(...) se o porto do Funchal tem restrições de espaço, e foi considerado há diversos anos atrás como um porto de operação turística, não é compreensível como é que o governo aposta na reconstrução de uma lota que parece existir naquele local. Se a dita lota fosse alvo de apenas algumas obras de reparação, poderíamos considerar que a sua presença na entrada do porto seria uma situação temporária. Contudo, daquilo que sabemos, a lota atual será demolida e construída novamente no mesmo local. Que lógica tem isso quando o porto do Funchal tem realmente falta de espaço para uma conveniente operação? Que lógica tem a presença de uma lota logo na entrada de um porto turístico? Um navio ferry também trás e leva turistas para as regiões onde opera, não pode ser considerado um meio de transporte meramente comercial como são os navios porta-contentores.".

Ainda mais incrédulo ficou o CEO quando soube dos projetos de construção de um museu para automóveis clássicos na mesma zona: "(...) na Grécia temos diversos monumentos, estátuas e similares que tentamos conservar. Sempre que possível, as estátuas e outras obras de arte são transportadas para locais com atmosfera ideal à sua conservação. Nunca são guardadas em locais propícios à humidade, muito menos em ambientes salinos. E estamos a falar de estruturas feitas em pedra, não em metal".

Sobre os factores que levaram à desistência da Naviera Armas na operação que realizou na Madeira, Antonios Agapitos referiu que está a par dos pormenores, tanto os oficiais como os não oficiais. "Temos conhecimento disso. E sabemos que no mundo empresarial, que muitas vezes está ligado ao mundo da política, nem sempre se pode tornar oficial o que realmente acontece. Contudo nós temos experiência em lidar com situações desse género. As instituições de justiça europeias existem para alguma coisa".

O navio Nissos Rodos foi construído em 1987, precisamente no ano limite permitido pelo atual caderno de encargos do concurso ferry. Apesar da sua idade, o navio foi totalmente remodelado em 2010. Possui 192m de comprimento, 27m de boca, e 6,7m de calado. A sua capacidade é de 850 passageiros, possuindo 552 camas. o car deck tem capacidade para 1600 metros lineares, permitindo transportar cerca de 472 carros. A sua velocidade de cruzeiro é de 21 nós, podendo chegar até aos 23 nós.

Presentemente o navio opera nas ilhas gregas, na rota compreendida entre Piraeus e Kavala. Caso a candidatura da Hellenic Seaways seja aceite, e seja a proposta vencedora, a entrada em operação na Madeira está prevista para julho deste ano. O navio irá operar inicialmente ao longo de todo o ano, de modo a possibilitar o transporte regular de passageiros e mercadorias.

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