A dor que Dói!

Este é um site satírico. Não o tome seriamente. É uma piada.

2059 65366 ações

Um desabafo real, não dirigido a ninguém em especial, mas a todos em geral...


A dor que Dói

João Paulo Guedelha, agora com 45 anos,

Tinha eu 15 anos, quando tive a primeira dor lombar, por esforço. Fui ao hospital e diagnosticaram uma rotura muscular lombar. Fiz fisioterapia, melhorou mas nunca foi embora, e sempre que fazia algum esforço, lá vinha a dor. Doía, mas era suportável.
Aos 22 anos, ao pegar um toiro, fiz uma rotura de ligamentos no joelho esquerdo.
Fui operado, mas a perna nunca mais dobrou, nem esticou, completamente. E doía sempre que fazia um pouco mais de esforço com a mesma. Nessa altura eu era eletricista de alta, media e baixa tensão, trabalhava em altura, entre os 12 e os 30 metros, Passava os dias a subir e a descer postes, ou torres metálicas. Estava durante horas em posições de grande esforço, por parte da coluna e pernas.
Fiquei impossibilitado de manter a profissão. Depois da cirurgia ao joelho, não me era possível desempenhar tais funções.
Tudo mudou, a dor doía, e tive de procurar uma profissão adequada a minha limitação. Deixei de poder fazer o que sabia e tanto gostava.
Fui para vigilante. Com serviços de 8 ou 12 horas diárias. A dor doía, mas suportava-se. E foi a minha profissão para o futuro, aprendi a gostar, gostava, e continuei. As dores lombares doíam cada vez mais, mas era preciso, fazia-se.
Passados alguns anos as dores eram bem mais abrangentes. Também me doíam as costas na zona dorsal. E quando já doía muito, fui ao medico. Aqui começa uma odisseia, de queixas e exames, e nada justificava as dores. Mantendo-me, entre baixas médicas e dias de trabalho. Em todo o tempo, sempre pratiquei desporto, tinha inúmeras atividades de lazer e prazer. Fiz ginástica, dancei num rancho folclórico, pratiquei karaté e musculação.
As dores cada vez doíam mais, mas temos que esperar para perceber o que se passa.
Fiz inúmeros raios-x, tac`s, e ressonâncias magnéticas, e eram visíveis algumas anomalias, mas não justificavam as queixas.
Próximo serviço, vigilância entrava ao serviço as 6 da manhã, e saía a 1 da manhã, trabalhava 19 horas por dia, sempre de pé, a chuva ou sol, dependendo do tempo que fazia, não havia pausa para refeição, comia-se uma sandes de pé, debaixo de agua ou sol. Mas não basta fazer o que se pode, tem que se fazer o que e preciso.
As dores cada vez doíam mais, e passados 3 anos neste serviço, horário e condições, fiquei de baixa médica. As dores, doíam muito, não aguentava mais.
Fiquei desempregado e sem poder trabalhar, não estou bem de modo nenhum. Sentado, de pé, ou deitado, não tenho forma de estar confortável e sem dor.
Mais exames. E eis que se fez luz, na ressonância magnética, identifica-se uma hérnia discal lombar, não tinha indicação cirurgia na opinião medica. Daí fiz, fisioterapia, natação,hidro-ginástica e tudo o que me foi indicado pelos médicos. Aguenta, e continua-se a aguentar.
Com o tempo e com tantas dores, mais uma hérnia discal, agora dorsal. Vários tratamentos, mas só estou pior. Custa-me andar, estar de pé ou sentado e até deitado. Mais queixas, mais dores, braço esquerdo com dor e dormência. Doí-me o pescoço, tenho as mão inchadas pela manhã, altura em que estou mais sofrido e com mais dificuldade em me mexer. Mais exames, mais exames,a dor doía cada vez mais e mais. Nova bateria de exames, bingo, 3 hérnias na cervical. Mais uma vez sem indicação cirúrgica. Doí, doí muito, doí quase tudo.
Tanto trabalho, tanta hora de trabalho, desporto, vida social extremamente ativa.
Acabou tudo, só ficou a dor, a dor que doí muito.
Estou agora a ser acompanhado, por oftalmologia devido a seguidas uveites, e tensão ocular muito elevada. Posto isto sou também encaminhado para doenças auto-imunes, neurocirurgia, neurologia, unidade de controlo da dor, medicação forte como fortes são as dores, que não passam. Que doem.
Perco o olfato e palato, tenho dores no pescoço, ombros, braços, costas de uma ponta a outra, doem-me os músculos das pernas, a base dos glúteos, incham as mãos, doem-me todas as articulações, tornozelos, joelhos, cotovelos, pulsos, dedos das mãos, a base dos pés, estou cansado, esqueço-me de memorias recentes, raciocínio baralhado, começo uma conversa e a meio, para tudo, esqueci-me do que ia dizer. Leio algo e esqueço-me do que li. Dói quase tudo, não estou bem de maneira nenhuma, acordo cansado, mas se fizer algo, como cortar a barba, tomar duche, aí fico exausto, estou impaciente. Não tenho saúde, trabalho, dinheiro, nem vida social, quase nada existe para alem da dor. Tenho consultas, mais consultas, exames mais exames. Conto aos médicos tudo o que se passa comigo. Dizem que não estou esquecido porque me lembro do passado mais longínquo, não tenho cheiro nem sabor, devo ter sinusite, que estou deprimido, por isso a dor, a malvada dor, doí mais.
Não percebo nada disto. Parece que não me ouvem, enquanto falo, escrevem no computador e sinto que minimizam as queixas. Quando e que param para me ouvir, levarem-me a sério, tentem perceber se há ligação entre as dores.
Eles sabem que doí, mas não sabem quanto.
Para minimizar tudo isto, tenho o amor. Sim o amor dos meus filhos, da minha mulher, dos meus pais. São estes, e o que cada um significa para mim que fazem com que valha a pena continuar. Nunca me preocupei em fazer o que gostava, profissionalmente. Aprendi a gostar do que fazia, e fazia, realizava-me.
Tinha objetivos, metas, vida. Tinha vida. Hoje vivo com esta malvada dor, aquela dor que doí e não vai embora.
Para todos os efeitos, para além das hérnias, não tenho mais nada a não ser a dor.
Será isto possível…
Tanta dor,
Que doí…
Até quando?
É assim, que me sinto...
João Paulo Guedelha

Este é um site satírico. Não o tome seriamente. É uma piada.

loading Biewty

Popular

  1. 1

    [ coronavÍrus - covid-19 ] - ultima noticia [ CORONAVÍRUS - COVID-19 ] Você comprou alguma maconha recentemente? Tem dúvidas de que possa estar contaminado com o coronavírus Covid-19? Apresente-se às suas autoridades locais, nós testamos o seu produto. Para maior eficiência e confiabilidade dos resultados, forneça-nos a identidade da pessoa que vendeu para você, bem como toda a informação que você tem sobre a cadeia de abastecimento, e nós cuidaremos do resto. Nosso procedimento também funciona para resina de cannabis, cocaína, heroína, e muitas outras substâncias. ??? O nosso compromisso com a sua segurança